O que sabemos sobre Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca (SGNC)
O que sabemos sobre Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca (SGNC)
Texto feito pela : Raquel Benati (Rio Sem Glúten)
A Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca (SGNC) é uma síndrome caracterizada por sintomas intestinais e extraintestinais relacionados à ingestão de alimentos que contém glúten, em pessoas que não tem diagnóstico de doença celíaca ou alergia ao trigo.
Pode afetar diferentes sistemas do organismo e sua gravidade é variável. Os sintomas geralmente ocorrem após algumas horas ou dias depois da ingestão de glúten, melhorando ou desaparecendo após a retirada do glúten da dieta e voltando se há reintrodução.
Os mecanismos potenciais envolvidos na fisiopatologia da SGNC são múltiplos e incluem alterações na permeabilidade intestinal, estimulação da imunidade inata e alterações na motilidade gastrointestinal.
Embora a SGNC seja desencadeada por cereais contendo glúten, a proteína alimentar ofensiva ainda não foi identificada e pode incluir componentes que são diferentes do próprio glúten, como por exemplo, inibidores de amilase-tripsina (ATIs) do trigo. Então, a terminologia “SGNC” poderá ser alterada para “Sensibilidade ao Trigo Não Celíaca” (STNC) em um futuro próximo.
Alguns estudos mostram a possibilidade de sobreposição ou de confusão diagnóstica com outras doenças funcionais gastrointestinais, como Síndrome do Intestino Irritável (SII) e intolerância aos frutanos (FODMAPs).
Disbiose, supercrescimento bacteriano no intestino delgado (SIBO), uso prolongado de alguns medicamentos, disfunções digestórias, deficiências nutricionais e hormonais precisam ser avaliadas para que o diagnóstico e a conduta terapêutica possam ser corretamente estabelecidos.
Em crianças com SGNC os sintomas mais comuns são os gastrintestinais, como dor abdominal, diarreia crônica e mudança do padrão evacuatório. Porém, o risco de deficiências nutricionais secundárias à má-absorção é menor que na doença celíaca. Os sintomas se assemelham à síndrome do intestino irritável.
Em adultos a apresentação clínica da SGNC pode ser multissistêmica e há uma série de sinais e sintomas associados a essa condição – neurológicos, respiratórios, psiquiátricos, músculo-esqueléticos, dermatológicos, etc.
SINTOMAS:
- Inchaço
- Falta de bem-estar
- Dor abdominal
- Cansaço
- Diarreia
- Dor de cabeça
- Dor epigástrica
- Náusea
- Aerofagia
- Dormência nos membros
- Dor articular / muscular
- Estomatite aftosa
- Erupção cutânea / dermatite
- Hábitos intestinais alternados
- Padrões alterados de sono
- Confusão mental (brain fog)
- Prisão de ventre
- Hematoquezia
- Perda de peso
- Fissuras anais
- Anemia
- Perda de equilíbrio
- Rinite / asma
- Aumento de peso
- Cistite intersticial
- Oligo ou polimenorréia
- Alucinações
- Mudanças de humor
- Ansiedade
- Depressão
- Mudanças de humor
- Pensamentos invasivos.
O diagnóstico é feito por exclusão da doença celíaca e da alergia ao trigo, sendo necessário a realização de exames de sangue e endoscopia digestiva alta com biópsia de duodeno.
Se o paciente já estiver em dieta sem glúten, deve ser orientado sobre a necessidade de fazer um “Desafio de Glúten”, durante 8 a 12 semanas, com a ingestão diária de pelo menos 10g de glúten ( 4 fatias de pão de forma), para só então se submeter aos exames específicos.
O tratamento da SGNC baseia-se na dieta sem glúten, embora não se saiba se é necessário manter a restrição a longo prazo. Como a SGNC pode ser transitória, a tolerância ao glúten precisa ser reavaliada numa parte desses pacientes.
Diferentemente da doença Celíaca, na qual o conteúdo de glúten nos alimentos deve ser mantido abaixo de 20 ppm/dia, o limiar na SGNC ainda não foi identificado e a redução na quantidade de algumas proteínas de trigo ou frutano para um nível tolerável para esses pacientes talvez possa ser suficiente.
Para esclarecer isso, são necessários estudos randomizados / controlados, idealmente com delineamento cruzado, comparando diferentes componentes. Além dos possíveis gatilhos expostos, é possível que existam subgrupos de pessoas com diferentes suscetibilidades a diferentes componentes do trigo.
Portanto, devemos continuar procurando marcadores biológicos que possam ajudar a identificar subgrupos de pacientes que podem se beneficiar de uma dieta restritiva específica.
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Edit:
“Ainda há muito a ser estudado, entendido e esclarecido sobre a Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca. Por isso, a recomendação da comunidade celíaca é que sensíveis também façam uma rigorosa dieta sem glúten e cuidem da contaminação cruzada – pelo princípio da Precaução!
A Doença Celíaca já esteve nesse lugar há 30 anos e muita gente com certeza teve a saúde prejudicada pelo pouco conhecimento que se tinha sobre a doença naquela época. Embora não haja evidências científicas que suportem essa recomendação, há evidências da vida prática!”
Raquel Benati (Rio Sem Glúten)
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REFERÊNCIAS:
Gluten related disorders
Paula Valladares Guerra Resende, Nathália Luzias de Matos e Silva, Graziela Cristina Mattos Schettino, Priscila Menezes Ferri Liu
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DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/2238-3182.20170030
Diagnosis of Non-Celiac Gluten Sensitivity (NCGS): The Salerno Experts’ Criteria
Carlo Catassi et all.
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Diagnosis of gluten related disorders: Celiac disease, wheat allergy and non-celiac gluten sensitivity
Luca Elli, Federica Branchi, Carolina Tomba, Danilo Villalta, Lorenzo Norsa, Francesca Ferretti, Leda Roncoroni, and Maria Teresa Bardella
World J Gastroenterol. 2015 Jun 21; 21(23): 7110–7119.
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Non-Celiac Gluten Sensitivity
Daniel de Sá Freire Boarim
CC BY-NC-ND 4.0 · International Journal of Nutrology 2018; 11(03): 071-079 DOI: 10.1055/s-0039-1681015
Créditos : Raquel Benati (Rio Sem Glúten)
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